quarta-feira, 24 de junho de 2009

Noite de São João


No inesquecível córrego do café, município de Pocrane-MG, lá no sitio do Sr Belarmino Belo dos Reis, vivi meus sete primeiros anos de vida. Muita coisa boa ficou na memória como para recordar minha saudosa infância, entre estas recordações, se destaca a noite de São João Batista.
A noite de 23 para 24 de junho era a mais movimentada, o motivo era sempre a fogueira de São João, que vinha acompanhada de rezas do terço e muita broa de fubá, sem falar das batatas doces que eram assadas na fogueira. Todas as famílias da região eram católicas e tinham por devoção fazer novenas e outras práticas religiosas, meu saudoso pai, o Sr Amado Raposo, era o rezador das novenas e quando alguma criança corria o risco de morrer sem receber o batismo, ele era chamado para batizá-la.
Não me lembro em que ano foi, mas recordo que Papai iria rezar o terço naquela noite festiva em três casas diferentes na mesma noite; uma era a casa do Neca Lucindo, a segunda seria a casa do Pascalinho e por último a casa do Sr Agostinho e Dona Maria que moravam próximo de nossa casa. Sinto muita saudade dessa família, pois eu sempre brincava com seus filhos: Paulinho, Mariazinha e Aparecida.
Papai, depois de ter rezado nas outras casas, chega enfim na residência de nosso vizinho e amigo;mamãe e meus irmãos ficamos para participar do terço perto de nossa casa, que começou por volta das 22 horas. Em dias comuns, nesse horário na zona rural, todos já estão dormindo e as crianças esqueciam que existia cama para dormir. No clarão da fogueira, as crianças brincavam de roda, os rapazes e moças aproveitavam para namorar e os casados contavam casos e mais casos.
Quando papai iniciou a reza da primeira Ave Maria, todos nós estávamos na sala ao redor de altar, feito com caixotes e enfeitados com flores do campo, no meio estava colocado uma estampa de São João Batista que fora comprada lá pelas bandas de Carangola-MG. Neste dia havia sido preparado um bambu bem alto para servir de mastro para o Santo, assim que terminou a reza, fomos levantar o mastro; enquanto o retrato do santo subia, as moças e senhoras cantavam o cântico de São João e os rapazes soltavam foguetes. O final desta festança foi com muita comida e animação, sem falar do pagode que todos esperavam. Viva são João Batista! Viva o povo brasileiro!...

24/06/2009
Padre Ermindo Rapozo de Assis

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