domingo, 23 de maio de 2010

Solenidade de Pentecostes






Neste domingo, 23 de maio de 2010, celebramos o Divino Espírito Santo, é uma festa do calendário litúrgico celebrada em todas as comunidades católicas do mundo todo. Com o pentecostes nós celebramos nascimento da Igreja Universal, quando impulsionados pelo Divino Espírito, os apóstolos saíram do cenáculo para levar a Boa Nova de Jesus a todos os povos e nações. Pedro, em nome de todos, anuncia aos presentes em Jerusalém a novidade do cristianismo, pela ação do Paráclito, todos compreendem o que ele estava falando em seu próprio idioma (At 2,11).
Na Bíblia encontramos passagens que falam do Espírito de Deus, como um sopro de Deus, em forma de pomba e também em forma de línguas de fogo. Cada uma destas manifestações revela para nós uma característica da ação santificante do Espírito, vejamos: o sopro é doação de vida, quando Deus criou o ser humano soprou no nariz dele uma respiração de vida, e assim ele se tornou um ser vivo (Gn 2,8); Nas margens do Rio Jordão, logo depois de ser batizado por João Batista, Jesus viu o espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre ele (MT 3,16). Para mim, e acredito para muitos, a pomba lembra sempre bondade, amor, paz, mansidão; estas qualidades são sempre frutos da ação do Espírito Santo na vida de cada um de nós. Por ultimo, o fogo é sinal de energia, força, luz que ilumina e purifica nossas ações.
Hoje, mas Missas que celebrei, procurei falar do grande desafio dos cristãos de ontem, de hoje e do futuro em buscar sempre construir unidade na diversidade. Somos criaturas únicas, é como diz o ditado: Deus nos criou e jogou a forma fora. Cada pessoa é diferente, ninguém é cópia de outro, somos parecidos e não iguais. Esta diversidade não é um mal, mas um presente de Deus; cada um de nós temos muito a oferecer ao mundo, a Igreja. Quando encontramos aquilo que nos une, a unidade acontece de forma natural e sempre valorizando o diferente de cada um, nunca caindo na uniformidade autoritária e burra. Este milagre da unidade na diversidade é fruto da ação do Espírito Santo em nossas comunidades de discípulos e missionários de Jesus Cristo.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Maria, A Mulher Eucarística


Maria, A Mulher Eucarística
João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia, NN. 53.54-55

Se quisermos redescobrir em toda a sua riqueza a relação íntima entre a Igreja e a Eucaristia, não podemos esquecer Maria, Mãe e modelo da Igreja. Com efeito, Maria pode guiar-nos para o Santíssimo Sacramento porque tem uma profunda ligação com ele.
Para além da sua participação no banquete eucarístico, pode-se delinear a relação de Maria com a Eucaristia indiretamente a partir da sua atitude interior. Maria é mulher "eucarística" na totalidade da sua vida. A Igreja, vendo em Maria o seu modelo, é chamada a imitá-La também na sua relação com este mistério santíssimo.
Mysterium fidei! Se a Eucaristia é um mistério de fé que excede tanto a nossa inteligência que nos obriga ao mais puro abandono à palavra de Deus, ninguém melhor do que Maria pode servir-nos de apoio e guia nesta atitude de abandono. Todas as vezes que repetimos o gesto de Cristo na Última Ceia dando cumprimento ao seu mandato: "Fazei isto em memória de Mim", ao mesmo tempo acolhemos o convite que Maria nos faz para obedecermos a seu Filho sem hesitação: "Fazei o que Ele vos disser" (Jo 2,5). Com a solicitude materna manifestada nas bodas de Caná, Ela parece dizer-nos: "Não hesiteis, confiai na palavra do meu Filho. Se Ele pode mudar a água em vinho, também é capaz de fazer do pão e do vinho o seu corpo e sangue, entregando aos crentes, neste mistério, o memorial vivo da sua Páscoa e tornando-se assim "pão de vida"".
De certo modo, Maria praticou a sua fé eucarística ainda antes de ser instituída a Eucaristia, quando ofereceu o seu ventre virginal para a encarnação do Verbo de Deus. A Eucaristia, ao mesmo tempo em que evoca a paixão e a ressurreição, coloca-se no prolongamento da encarnação. E Maria, na anunciação, concebeu o Filho divino também na realidade física do corpo e do sangue, em certa medida antecipando n'Ela o que se realiza sacramentalmente em cada fiel quando recebe, no sinal do pão e do vinho, o corpo e o sangue do Senhor.
Existe, pois, uma profunda analogia entre o o Faça-se pronunciado por Maria, em resposta às palavras do Anjo, e o amém que cada fiel pronuncia quando recebe o corpo do Senhor. A Maria foi-Lhe pedido para acreditar que Aquele que Ela concebia "por obra do Espírito Santo" era o "Filho de Deus" (cf. LC 1,30-35). Dando continuidade à fé da Virgem Santa, no mistério eucarístico é-nos pedido para crer que aquele mesmo Jesus, Filho de Deus e Filho de Maria, Se torna presente nos sinais do pão e do vinho com todo o seu ser humano-divino.
"Feliz d'Aquela que acreditou" (Lc 1,45): Maria antecipou também, no mistério da encarnação, a fé eucarística da Igreja. E, na visitação, quando leva no seu ventre e o Verbo encarnado, de certo modo Ela serve de "sacrário" - o primeiro "sacrário" da história -, para o Filho de Deus, que, ainda invisível aos olhos dos homens, Se presta à adoração de Isabel, como que "irradiando" a sua luz através dos olhos e da voz de Maria. E o olhar extasiado de Maria, quando contemplava o rosto de Cristo recém-nascido e O estreitava nos seus braços, não é porventura o modelo inatingível de amor a que se devem inspirar todas as nossas comunhões eucarísticas?

07-fev-10
fonte: "O Povo de Deus - folha semanal da Arquidiocese de Brasília"

sábado, 1 de maio de 2010

Maria, Mãe da Igreja, abençoe nossas familias e sacerdotes

O mês de maio é dedicado a Maria. Também celebramos o Dia das Mães. Falar em mãe é falar de amor, doação e entrega! É comovedor contemplar as mamães cuidando das crianças! E dedicando-se aos filhos e às filhas em todas as idades! Conforta-nos quando na família sentimos a presença dedicada da mãe e do pai: isto inspira confiança e nos dá a certeza de um futuro de paz e harmonia para a humanidade, hoje tão marcada pela violência!
Mãe é sinônimo de fortaleza e de coragem! Maria foi tocada por várias “surpresas”. A primeira foi a anunciação do anjo: “O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo. Ela perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação (Lc 1, 28-29).” A jovem Maria, ao receber a visita do anjo sentiu-se - como lia na Bíblia – interpelada pela voz de Deus, assim como os profetas. Afinal quem lhe apareceu era um anjo. Estava para acontecer algo grandioso e divino com ela. Sentiu-se “perturbada”. Qual seria o significado desta saudação tão inusitada? Mas o anjo a conforta: “Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande; será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará para sempre sobre a descendência de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc 1, 30-33). Maria dá corajosamente a resposta: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
A partir deste momento, sua vida está a serviço de Jesus e de sua missão no mundo. Em Belém, ela O deu à luz. Fugiu com Ele para o Egito, a fim de salvá-lo da fúria de Herodes. Em Nazaré, compõe com José o quadro de amor e colaboração mútua da Sagrada Família.
Mas surgem outras “surpresas”: aos 12 anos em sua primeira participação na festa da Páscoa, o menino se empolgou com as “coisas de seu Pai” e ficou no Templo sem ser notado. Mas, a seguir, “Jesus desceu com seus pais para Nazaré e era obediente a eles. Sua mãe conservava todas estas coisas no coração. E Jesus ia crescendo em sabedoria, tamanho e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 51-52). Sua vida estava agora para sempre ligada á de Jesus. Torna-se discípula de seu Filho e vive a alegria deste discipulado. O Documento de Aparecida diz: “A alegria do discípulo é antídoto frente a um mundo atemorizado pelo futuro e oprimido pela violência e pelo ódio” (DA, 29).
E as surpresas vão se sucedendo. Jesus parte para a realização de sua missão e Maria, a “discípula” fiel está presente no momento mais difícil. Subiu com Ele ao Calvário e no momento de sua morte, “Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado, o discípulo que ele amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis aí o teu filho! Depois disse ao discípulo: Eis a tua mãe!” (Jo 19, 26-27). E ela assiste à sua morte, acolhe-o já sem vida em seus braços de mãe e acompanha-o à sepultura. Tudo parecia terminado!
Mas a Discípula tem a surpreendente alegria de vê-lo ressuscitado e depois subindo aos céus, após ter confiado aos discípulos a missão de anunciar seu Evangelho em todo o mundo. Seguindo suas ordens, reúnem-se no Cenáculo: “Todos eles perseveravam na oração em comum, juntamente com algumas mulheres – entre elas Maria, mãe de Jesus” (At 1, 14). E com a vinda do Espírito Santo tem início a missão da Igreja em todo o mundo.
E esta missão sempre conta com a presença da Mãe: a Senhora do Rosário (num momento difícil da história da Igreja), Nossa Senhora de Guadalupe, (no anúncio do Evangelho nas Américas), Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora Aparecida, entre nós.
Nossa Senhora do Rosário, Padroeira de nossa Diocese, nos acompanha em peregrinação em nossa missão na Baixada Santista, hoje tão marcada pela violência. Com ela, queremos ser discípulos missionários de Jesus, e levar avante nossa missão com as três prioridades: família, juventude e catequese. “A família é insubstituível para a serenidade pessoal e para a educação dos filhos. O papel da mãe é fundamental para o futuro da sociedade. O pai, por sua parte, tem o dever de ser verdadeiramente pai, que exerce sua indispensável responsabilidade e colaboração na educação dos filhos. Os filhos, para seu crescimento integral, têm o direito de poder contar com o pai e com a mãe, para que cuidem deles e os acompanhem rumo à plenitude de sua vida” (Bento XVI, em Aparecida). A juventude merece todo nosso apoio para que seja construído um mundo de paz e esperança. A catequese é a alma do anúncio de Jesus nos dias de hoje.
Estamos em pleno Ano Sacerdotal: “Para cumprir sua altíssima missão, o sacerdote deve possuir uma sólida estrutura espiritual e viver toda a existência animado pela fé, esperança e caridade. Tem de ser, como Jesus, um homem que procure, através da oração, o rosto e a vontade de Deus, cultivando igualmente sua preparação cultural e intelectual” (Bento XVI, em Aparecida). Maria, Mãe da Igreja, nos abençoe, proteja e acompanhe!
Dom Jacyr Francisco Braido