Hoje celebramos o quarto e último domingo do
Advento. A Palavra de Deus nos conduz a um dos personagens principais
relacionados com o Natal, que é Maria de Nazaré. Ela se fez disponível para o
plano de Deus, para a salvação da humanidade. É tempo de recordar os nossos
“sins” dados ao Senhor durante nossas vidas e pedir para que continuemos fiéis,
renovando a nossa adesão ao chamado do Senhor.
A oração de coleta deste domingo fornece e orienta
a nossa oração: "Derramai, ó Deus, a vossa graça em nossos corações para
que, conhecendo pela mensagem do Anjo a encarnação do vosso Filho, cheguemos, por
sua paixão e cruz, à glória da ressurreição”. Esta, inclusive, é a oração de
conclusão do “Angelus”, rezado às 6, 12 e 18 horas de cada dia.
O evangelho da Anunciação (cf. Lc. 1,26-38) nos
leva diretamente para a casa onde o anjo Gabriel aparece a uma jovem e digna
filha de Israel para revelar a vontade de Deus e pedir a sua cooperação no
plano da redenção. Tudo vai partir do Sim integral que Maria disse a Deus, com
tudo de si mesma e a sua beleza. O texto de Lucas fala-nos da Anunciação e,
assim, já nos coloca dentro do clima de Natal.
Preparar-se para o Natal significa pedir emprestado
a Nossa Senhora o que ela nos oferece como modelo de comportamento em relação
ao Todo-Poderoso. Maria está diante de nós como um modelo da nossa fé, capaz de
acolher todas as iniciativas de Deus.
Como para Maria, também para nós é possível
responder ao chamado de Deus, que é o chamado à santidade. Uma chamada que
começa exatamente neste evento da Anunciação, quando o sim de Maria abre a
iniciativa de Deus de encarnar-se na história da humanidade através da ação do
Espírito Santo. Podemos, dignamente, preparar o Natal, e ainda há tempo para
fazê-lo se assumirmos uma atitude de serviço humilde a Deus, dizendo também o
nosso “sim”.
É necessário preparar-se para o Natal de um modo
digno do Senhor, como nos recorda a primeira leitura deste domingo (cf. 2Sm
7,1-5.8b-12.14a.16), apresentando-nos a figura do rei Davi. Deus quer construir
em nós a Sua casa. O Natal é preparar um lar adequado para que nele possa
habitar o Salvador. E nós sabemos que no lugar em que Ele está, a casa é
estável e duradoura, resiste a qualquer impacto da tempestade e da violência e
não tem medo de nenhum ataque de qualquer gênero.
Na segunda leitura de hoje (cf. Rm 16,25-27),
encontramos o significado teológico da nossa expectativa e esperança no Senhor.
São Paulo escreve com grande simplicidade, mas também com profundidade,
maravilhosas palavras para indicar um caminho de vida espiritual e moral para
percorrer, a fim de que possamos conhecer a manifestação do mistério no
encontro com Cristo.
A liturgia deste domingo, situado dentro da semana
de preparação próxima para o Natal, nos ajuda a celebrá-lo da melhor maneira,
como rezamos num dos prefácios do Advento, e fixar o olhar em Cristo inspirados
em Maria: "Predito por todos os profetas, esperado com amor de mãe pela
Virgem Maria, Jesus foi anunciado e mostrado presente no mundo por São João
Batista. O próprio Senhor nos dá a alegria de entrarmos agora no mistério do
seu natal, para que sua chegada nos encontre vigilantes na oração e celebrando
os seus louvores”.
Preparemo-nos cristãmente para o Natal! Busquemos
contemplar a simplicidade do presépio! Voltemos agora o olhar para Maria e
José, que esperam o nascimento de Jesus, e aprendamos deles o segredo do recolhimento
para saborear a alegria do Natal.
Preparemo-nos para acolher, com fé, o Redentor que
vem para estar conosco, Palavra de amor de Deus para a humanidade de todos os
tempos.
Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo
Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro - RJ