Recife, 16 de Julho de 2013 (Zenit.org) Pe. Rafael
Maria, osb | 97 visitas
A piedade popular mariana é um
património espiritual da Igreja de altíssimo valor. Esta deve estar bem
fundamentada para que se alcance sua eficácia na vida dos fiéis. Muitas vezes a
piedade mariana é cercada de sombras e equívocos por não seri bem iluminada ou
seguida de perto pela Igreja. Estando as coisas deste modo, o povo de Deus
caminha, sozinho e as cegas, onde se perde o sentido exato de um verdadeiro
culto mariano. Tentamos no nosso «Curso de Cultura Mariológica I» fazer este
estudo científico sobre «A origem do Rosário mariano não provém dos
Dominicanos», cf. www.cursoscatolicos.com.br
Ontem, hoje e amanhã surgem
formas de devoção mariana que de situações apócrifas se tornam pouco a pouco um
património de fé. Foi o caso do Escapulário carmelitano pela força de sua
espiritualidade mariana.
Sabe-se por novas pesquisas
históricas e científicas que por uma tradição se atribuía a origem do
Escapulário a uma suposta aparição da Virgem a são Simão Stock e, a este,
entregou esta vestimenta como penhor de salvação. Ligado a esta pia tradição,
se juntou o chamado «privilégio sabatino», isto é, uma suposta aparição da
Virgem ao papa João XXII que garantia que, após a morte daquele que estivesse
revestido do Escapulário, Ela, desceria ao Purgatório e o retiraria de lá.
A devoção e crença popular deram
força a estas lendárias mariofanias, assim como muitos Papas cobriram de
privilégios o uso e a devoção ao Escapulário. Ao que parece os pontífices não
se basearam nas supostas aparições, mas na força espiritual inerentes ao
Escapulário.
Na comemoração dos 700 anos da
instituição desta devoção (1251-2001) a Ordem Carmelitana se viu no dever de
esclarecer melhor tal situação histórica-espiritual. Se chegou ao denominador
comum que, o que valia não era as supostas aparições da Virgem com suas
supostas promessas, mas a força espiritual da devoção que fora enriquecida
pelas autoridades da Igreja ao longo dos séculos para o benefício espiritual
dos fiéis.
O uso do Escapulário deve estar
ligado a um compromisso que o devoto deve ter para com Nossa Senhora que, ao
usá-lo, se esforçará a viver as promessas batismais e seus deveres de cristão.
Aqui está o cerne da questão. A devoção mariana está ligada muitas vezes a uma
série de má interpretações, principalmente ao uso de objetos sacros que
estimulam a prática da fé, como por exemplo o Rosário, as Medalhas, as Imagens,
os Escapulários etc. Tais objetos muitas vezes são usados como talismã e não
como meios que nos indicam algo mais superior. Tomemos o caso bíblico da
«Serpente de bronze» (cf. Nm 21,8s) como fonte autorizada para iluminar a
questão. Aqui, a cura não está no olhar a Serpente, mas na promessa de Deus.
Na obediência à sua Palavra. Assim também no caso dos objetos sacros marianos e
outros como em particular o Escapulário se deve usar este critério bíblico.
Embora não exista nenhuma
exatidão histórica de uma confirmação celeste dos privilégios ao Escapulário, e
não é necessário tê-las, a Igreja, com sua autoridade conferida por Cristo a
Pedro, estimula o uso coerente do Escapulário Carmelitano ajudando assim os
fiéis a viverem com coerência a vida cristã para assim serem herdeiros da
eficácia da mediação da Virgem junto ao trono da Graça.
Usando o Escapulário com o
coração voltado às coisas celestes, ao projeto de Maria, que é servir aos
irmãos no amor, o devoto não passará pelo Purgatório, mas irá participar das
heranças do céu como promete o próprio Jesus tendo sua Mãe como a primeira na
prática do serviço ao Reino e do amor fraterno.
Nossa Senhora do Monte Carmelo, rogai por nós!
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