quarta-feira, 30 de novembro de 2011

MARIA na Liturgia do Advento

“Nós vos louvamos, bendizemos e glorificamos pelo mistério da Virgem Maria, Mãe de Deus” (Prefacio Advento IIA). Toda grande festa tem uma profunda preparação que a antecede, assim nós encontramos o verdadeiro significado do Advento, como tempo propício para nossa preparação da Solene Festa do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim toda a Igreja se reúne em torno da Palavra para celebrar o Mistério da Encarnação do Filho de Deus no seio da Bem-aventurada Virgem Maria. O advento é o tempo litúrgico mais mariano do ano, embora na piedade popular apareça o mês de maio, como mês de Maria. Nas quatro semanas que antecede o Natal, Maria se apresenta como a Arca da Aliança, o Tabernáculo de Deus aqui na terra, pois carrega no ventre o próprio Deus. Olhando para Maria grávida por obra do Espírito Santo, nós cristãos percebemos a força do seu Sim dado no momento da Anunciação do anjo Gabriel, com muita liberdade e consciência de sua missão de Redenptoris Mater (Mãe do Redentor). Também em nossas liturgias Deus vem ao nosso encontro, através de sua Palavra e assim estabelece um diálogo entre o Criador e sua criatura. Tendo Maria, como modelo de fé, nós daremos também o nosso sim livre e consciente a Deus; buscando assumir nossa condição de discípulos e missionários. Neste tempo litúrgico encontramos ainda uma solenidade e uma festa mariana. No dia 08 de dezembro, celebramos solenemente a Imaculada Conceição de Maria, “Maria é a toda santa, isenta de toda mancha de pecado, pelo Espírito Santo como que plasmada e feita nova criatura” (LG 56). Assim esta verdade de fé é celebrada com muita solenidade dentro do tempo do Advento; ainda encontramos no dia 12 de dezembro a festa de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira de todo o continente latinoamericano. PADRE ERMINDO RAPOZO DE ASSIS

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O homem como criatura de Deus

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“No principio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era DeusTudo foi feito por meio Dele e sem Ele nada foi feito”. (J0 1,1-3) É impressionante como nestes primeiros versículos do quarto evangelho encontramos resumidamente toda a história da criação do homem e a salvação operada por Deus. O Salmista pergunta: “Quem é o homem, para dele te lembrares, e o filho de Adão para que venhas visitá-lo (SI 9,5). Quem realmente se abre a graça divina em sua vida, experimenta a grandiosidade deste amor criativo e misericordioso para com a humanidade. Este amor doação iniciou-se com a criação do primeiro homem e da primeira mulher que recebem como dom: “a imagem e semelhança de Deus e o domínio sobre os peixes do mar, as aves dc céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra” (Gn 1 ,26). depois que a Palavra criadora saiu de sua eterna morada e enquanto o Espírito do Senhor pairava sobre as águas, o céu e a terra foram feito e se encheram de plantas e animais. O Homem como criatura amada por Deus recebeu o sopro da Vida e -foi colocado em lugar de comando no meio de toda a criação. “Para determinar a natureza e a distinção do homem, acentua-se mais que tudo a sua criação segundo imagem de Deus. Tal característica “distingue-o nitidamente das demais criaturas”, (01). Sabemos, no entanto, que o ser humano não foi fiel a essa imerecida graça divina que recebeu de seu criador. Ele não soube conservar para si este grande dom de Deus. Por querer ser igual a Deus, acabou pecando contra seu Criado. Esta sua queda provocou o rompimento de seu estado de graça e santidade; contudo o Amor Divino é sem medida e nada o pode superar. O Criador, então, promete enviar um Salvador para resgatar toda a humanidade da escravidão do pecado. Em Gn 3,5 encontramos esta afirmação na boca de Javé: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua descendência e a dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferira o calcanhar”. A serpente representa todo mal existente no mundo e a mulher representa toda a humanidade, que deverá lutar com todas as suas forças para vencer tudo aquilo que separa a criatura de seu Criador, “Desde a entrada do pecado original no paraíso, a luta contra o poder do mal marcará essencialmente o rumo da história da humanidade” (02). Vários padres da Igreja interpretam esta passagem bíblica como uma primeira profecia da vinda Messias, de um Novo Adão que através de uma total obediência recuperaria o estado de graça que a humanidade perdera com a desobediência do primeiro Adão. Junto ao Novo Adão (Cristo) aparece a Nova Eva (Maria) que com seu SIM incondicional coopera com a Nova Criação, não mais entregue ar domínio do pecado, mas redimida pala ação salvífica de Cristo”. Virgem, lenho e morte foram os símbolos de nossa ruína. VIRGEM era Eva; ainda não conhecera varão. O LENHO, a árvore; MOFTE, o castigo de Adão. E eis que de novo Virgem lenho e morte, se tornaram eles mesmos símbolos de Vitória. Pois em lugar de Eva está Maria em vez de lenho da ciência do bem e do mal o lenho da cruz, em lugar da morte de Adão, a morte de Cristo” (03). A criação é obra do Amor Divino e se opõe a idéia de mito, pois este se apresenta como uma unidade feita de mundo e deuses, teogomia e cosmogomia, história e destino, mundano a divino. A criação se manifesta, revel a Deus mas não se confunde com Ele. Nesta revelação entende-se o homem como o Ser Criado que conhece a Deus e livremente é chamado a cooperar na’ obra criadora de Deus, isso aparece nitidamente em Gn 1,28: “sede fecundos, multiplicai-vos. enchei e terra e submetei-a”. Em sua criação, Deus aparece como o Senhor da vida que ame profundamente suas criaturas e ao mesmo tempo escolhe uma delas para continuar sua obra; o homem é indicado como o administrador de Deus perante todos os seres criados por Deus, A revelação de Deus não é algo parado ou unilateral, Deus se comunica e espera uma reposta do homem que livremente deve acolher o chamado divino, mediante sua adesão total ao projeto divino para a construção do Reino de Deus aqui. Na terra.. “Ao Deus que revela deve-se a obediência da fé, pela qual o homem livremente se entrega todo a Deus prestando. Um obséquio pleno do intelecto e da vontade e dando voluntário assentimento à revelação feito por Ele”.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Jesus Cristo: a Eterna Palavra do Pai

A Revelação de Deus aos homens através de sua Palavra é o primeiro mistério, a primeira categoria da fé cristã. Toda a economia a salvação tem como ponto central a Palavra anunciada ao gênero humano é o que expressa a carta aos Hebreus: “Muitas vezes de muitos modos falou Deus outrora a nossos pais, nos profetas; nestes últimos tempos falou a nós no Filho” (Hb 1,1). A resposta a este grande mistério da autocomunicação divina deve ser dada pelo ser humano na sua inteira liberdade, só ele, como ser dotado de inteligência e vontade, tem capacidade de corresponder generosamente ao apelo divino. Convencido de que em Jesus Cristo a Revelação chegou a sua plenitude, e que Ele é a eterna Palavra do Pai aos homens e mulheres de boa vontade. Desde a criação, Deus se manifesta como amigo do homem, criando-o a sua imagem e semelhança Diante do pecado do homem o Senhor promete enviar-lhe um salvador, Javé, dando prosseguimento a sua obra salvífica, escolhe o povo hebreu como sua parte na herança e o coloca como luz das nações, fazendo com ele um pacto de amizade, Na história deste povo. Deus vai revelando seu amor e predileção. Não aceita a concorrência de outros deuses e exige do povo o cumprimento dos estatutos da aliança através de seus profetas. Esta primeira aliança teve o grande mérito de preparar os caminhos do Senhor e nesta pedagogia divina o povo eleito foi sendo formado para a vinda do Messias. “O Senhor se fez carne e veio habitar ente-e nós” (João1, 14) Neste assumir a humanidade o Filho se encarnou na história humana e nos revelou o Pai pelo Espírito Santo. Maria de Nazaré, sendo da descendência de Abraão, recebeu em seu ventre o Filho do Deus, cumprindo sue sublime missão de Teotokos. Ela se tornou o grande modelo no cumprimento de Palavra de Deus na Nova e Eterna Aliança. Jesus se coloca acima dos profetas e doutores da lei, sua palavra é fonte de salvação para todos, Ele é o ungido de Deus e a Eterna Palavra do Pai Voltando para junto de seu Pai, Jesus deixou a Igreja como fiel portadora da Palavra e a enviou em missão pelo mundo afora. Na liturgia, esta Palavra é celebrada e anunciada e através dos sacramentos Cristo continua agindo na sua igreja em favor de todos nós. Esta palavra, anunciada pelos profetas e realizada plenamente na pessoa de Jesus de Nazaré, tem a sua força histórica e atual na vida e caminhada de nossas comunidades. Estas se colocam, a cada dia, a serviço da vida e da esperança rumo a um novo céu e um nova terra; procurando assim, construir sem demore um reino de paz, justiça e vida digna para todos. Somos impelidos pela Palavra a sermos ouvintes atentos desta grande autocomunicação de Deus, como verdadeiros profetas e seguidores de Cristo, devemos anunciá-la a todos os povos e nações. PADRE ERMINDO RAPOZO DE ASSIS